Índia — modo de usar (parte 3)

Este texto é uma continuação desse outro.

Hospedagem

Fachada do nosso hotel em Udaipur

Minha ideia inicial, quando pensei em contratar uma agência para ir à Índia, era montar o roteiro, mas deixar todo o resto para eles organizarem, inclusive a hospedagem. Hoje em dia, com sites como Booking, TripAdvisor, Trivago etc, não é tão complicado pesquisar hospedagem por conta própria; porém, quem já fez isso, sabe que dá um certo trabalho escolher a melhor relação custo-benefício, ler os comentários dos hóspedes anteriores, escolher uma boa localização, fugir das espeluncas. Também tinha um pouco de receio por não saber se era seguro utilizar esses sites para hotéis na Índia. Assim, como eu já estava pagando uma agência para organizar o roteiro, seria lógico que eles olhassem também os hotéis.

Depois que eles mandaram a primeira lista, resolvi conversar com minha amiga que já havia morado em Mumbai. Ela criticou algumas escolhas e me deu algumas sugestões de hotéis onde ela ou alguém de sua família já tinham ficado. E, principalmente, me deixou bem tranquilo sobre a segurança de usar sites de reserva para a Índia. Mas o principal problema das escolhas da agência, na minha opinião, é que muitos dos hotéis ficavam distantes do centro das cidades ou da área mais turística. Depois que eu viajei para lá, ficou claro para mim que as opções da agência serviriam para facilitar as coisas para eles, principalmente os deslocamentos de carro.

Região de Colaba em Mumbai, com o Taj Mahal Palace Hotel e o Gateway of India

É que as cidades indianas têm, como eu já expliquei no texto anterior, trânsito bem caótico, principalmente mais perto do centro. Em alguns lugares não dá nem para passar de carro. Enfrentar esse trânsito todo dia pode ser estressante para os dois lados: o motorista e o turista. No caso de Mumbai, ir de Colaba (um bairro no sul da cidade que eu achei bem bacana) até o aeroporto pode levar mais de uma hora. Por isso, o hotel que a agência nos ofereceu ficava estrategicamente próximo do aeroporto.

Trânsito em Old Delhi

Por isso, você vai ter que fazer uma opção entre enfrentar o trânsito diariamente ou ficar um pouco mais distante do buxixo. Eu preferi ficar em hotéis mais centrais, ou mais próximos de áreas turísticas, e não me arrependi. Quase todos os dias sobrava um tempo à tarde para a gente bater perna sozinho, sem guia ou motorista por perto, e esta parte da experiência indiana é muito interessante, principalmente depois que você perde o primeiro medo de se aventurar sem “babá” pelas ruas. Além disso, embora boa parte dos hotéis tivesse restaurantes próprios, quase sempre razoáveis — o que pode ser estratégico para aqueles dias em que você está mais cansado dos passeios –, poder ficar em áreas mais centrais te dá a opção de comer em outros lugares, o que vai ficar mais difícil se você estiver em um hotel distante (ou vai exigir um deslocamento de carro, táxi, tuk tuk etc).

Vista do Forte Merangarh do terraço do hotel em JodhpurHá um certo mito de que você só deve ficar em hotéis na Índia que forem cinco estrelas, talvez quatro. Eu achei essa história meio conversa para boi dormir. É claro que se você for nas escolhas das agências, todos os hotéis que eles te oferecerem estarão provavelmente nessas categorias. E, de fato, como as coisas na Índia não são muito caras, você pode querer se dar esse luxo. Mas atenção: principalmente nas grandes cidades, como Délhi e Mumbai, os hotéis podem custar caro, sim.

Porta de quarto no hotel em Jaipur

Nós ficamos em alguns hotéis três estrelas, e deu tudo certo. O principal ponto é prestar bastante atenção nas notas e avaliações que os outros hóspedes fazem nesses sites de reserva. Eu vi até alguns albergues bem arrumadinhos. Se as avaliações forem no geral boas, acho que dá para arriscar ficar em hotéis mais simples e economizar um pouco. Além das redes internacionais, há algumas boas redes de hotéis indianas, como a Vivanta, a Lalit, dentre outras. De todo modo, se a agência está te oferecendo hotéis quatro e cinco estrelas a bons preços, que cabem no seu orçamento, por que não?

Devo dizer, porém, que há uma certa correlação entre as categorias dos hotéis e aquele ponto da localização que eu mencionei logo acima. Os hotéis mais distantes, como os que nossa agência havia escolhido, costumam ser visualmente mais atrativos e ter algumas opções de lazer legais como piscinas e spas. Não que todos os hotéis centrais sejam mais fuleiros, digamos assim; eu fiquei em hotéis bastante bons, inclusive quatro estrelas, bem localizados. Todavia, para encontrá-los, você talvez terá que procurar um pouco mais, ou reservar com mais antecedência. E abrir mão da piscina.

O hotel em Udaipur até tinha piscina!

No final, fizemos nós mesmos todas as reservas pelos sites, e deu tudo certo. Acho que o motorista ficou meio bravo com nossas escolhas em alguns dias, mas, paciência, afinal, foram minhas escolhas. Convém, claro, imprimir todas as reservas ou salvar os arquivos no celular ou no tablet, embora não tenhamos tido problemas com isso. E prepare-se para andar um pouco com sua bagagem em alguns lugares, caso o hotel seja mais central e fique numa área onde não dá para entrar de carro. Nada que ninguém nunca tenha feito em países onde um táxi até o hotel pode custar uma fortuna.

Convém mencionar também que a diferença de preços entre os hotéis que reservamos por conta própria e os da agência nem ficou tão grande assim, ou seja: a principal diferença foi realmente poder escolher onde ficaríamos. Além disso, você precisa observar que todo hotel cobra uma taxa no momento do pagamento; em alguns casos, os sites de reserva já incluem isso no preço, em outros não, mas normalmente há um aviso a respeito. É bom prestar atenção nisso só para não ter uma surpresa desagradável de achar que os preços do site são exatamente aquilo que você vai pagar.